1.10.09

Homelessness and emotional distress in Belfast

Esse post está atrasado, muito atrasado. Na verdade, ele nem sairia se não fosse a insistência da minha querida amiga/ex-colega de trabalho/ex-profesora de español/companheira de batata-dedinho-de-meleca(piada interna, não tente entender) Patrícia

Tarde de sexta-feira, 21 de agosto. Fernanda e Fernanda acabam de ser liberadas de suas crianças e têm um final de semana todo livre. Eis que começam as negociações. O que vamos fazer no final de semana? Já estávamos planejando ver Inglourious Basterds há dias (Porque ir ao cinema ver um filme do Tarantino é certeza de dinheiro bem investido). Mas também tínhamos conversado sobre ir a Belfast. Resolvemos então fazer os dois.
Em 20 minutos olhamos o horário do filme, fizemos as "malas", tomamos banho e fomos pegar o nosso ônibus para o centro. Assistimos ao filme e fomos andando para a rodoviária. No meio do caminho começam a aparecer os problemas. "Nós não trocamos o dinheiro.", "Você reservou o albergue ou pelo menos anotou o endereço?" "Não." "Nem eu.", "Nós acabamos de perder o ônibus de 21:00. Vamos ter que esperar mais uma hora e pegar o das 22. Vamos chegar lá depois de meia noite.". E é assim que começa mais um episódio da saga de viagens mal planejadas de Fernanda & Fernanda. Depois de Galway, quando atravessamos o país com (e somente isso) um sanduíche cada, sucos de caixinha, castanhas do Pará e nossos Ipods (Afinal, quem precisa de escova de dente, roupa, sabonete, essas coisas?), tudo levava a crer que Belfast também entraria para a história.
Já que tínhamos uma hora de espera, fomos tentar trocar nosso dinheiro. Tentativa mal sucedida. Fomos então ao mercado, porque, já que estaríamos sem rumo e sem dinheiro, que pelo menos tivéssemos comida. Nossa lista de compras inclui salada de macarrão, frango, uma lata de feijão, uma lata de ervilha, iogurte com cereal para o café da manhã e leite. Só faltou a farofa, diriam os mais sensatos. Jantamos na rodoviária mesmo e guardamos o garfinho que veio com a salada pro café da manhã e pro almoço do dia seguinte. Partimos no nosso ônibus e, como esperado, chegamos a Belfast por volta da meia noite. Estava frio e, só pra relembrar, não tínhamos dinheiro e nem lugar pra ir. Andamos pela rua principal e nada de albergues. Resolvemos voltar e andar pro outro lado, já meio desperançosas. É nesse momento que Fernanda, a Grande, sugere "Vamos pela outra rua, já que nós já andamos por essa aqui mesmo. Quem sabe a gente não encontra um albergue por lá?". Brilhante idéia, Nandona! Não encontramos albergues, mas...(Cenas do próximo parágrafo)


Nos deparamos com um ônibus amarelo parado na calçada. Na lateral do ônibus dizia SOS e, paradas do lado de fora, estavam essas pessoas distribuindo sopa, chocolate, café, chá, etc, para todos aqueles que estavam homeless and in emotional distress. Pensamos "Nunca nos encaixamos tão bem numa descrição". Paramos e perguntamos (Na verdade, Nandona pergunta. Ela é a encarregada desse departamento.) "Por acaso vocês sabem onde fica o albergue mais próximo?". Ah, se o mundo só tivesse pessoas assim! Em poucos minutos chamaram esse cara que ligou para todos os albergues que ele conhecia, tentando arrumar vagas pra gente. Enquanto ele fazia isso, as outras friendly ladies nos deram comida e bebida. Por pouco não levamos um chocolate "pra viagem" também. "Consegui duas vagas pra vocês em um albergue aqui perto." "Ótimo!". Nós quase não acreditávamos. E ele não só nos arrumou duas vagas como também fez questão de nos levar até lá de carro. Depois da longa viagem de aproximadamente 1 minuto do ônibus até o albergue, nos despedimos do Mr. Friendly e fomos tentar fazer o nosso check in. Eu digo tentar, porque, afinal, só tínhamos Euros e não Libras. Tivemos que lidar com esse sujeito que foi de grosso a chatterbox em minutos e que diz pra gente, com a maior naturalidade, que "As mulheres brasileiras são mais fáceis que as argentinas.". Yeah, whatever. Homens...francamente! Mas essa já é outra estória que um dia eu ou Nandona contaremos pra vocês...ou não. :)

Em breve Fernanda & Fernanda em As Aventuras do Monstro do Lago Ness. Fique ligado!

(Pausa para os comerciais)

5 comentários:

  1. Primeiramente, sinto-me muito lisonjeada por ser "a responsável" por este hilário post estar aqui!
    Mas podia esperar para saber detalhes sórdidos da história não menos sórdida de "Fernanda(s) sendo assistidas pelo ônibus que atende a mendigos".
    Agora, vamucombiná, olha o que é a civilização, né não? Aqui no Brasil se vcs entrassem no carro de desconhecidos a meia-noite, eu já teria certeza de sequestro relâmpago. Já no berço da civilização isso resume-se apenas a solidariedade!
    Acho que vcs sentirão saudades da vida europeia em futuro próximo.
    Só estragou mesmo foi o sujeito grosso. Mas este, pelo jeito, tem cara de ser estrangeiro. kkkkkkkkkkkk

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  2. Ahhh, mal posso esperar pelas Aventuras do Monstro do Lago Ness.
    Quer dizer, nada de "esperar". Seja mais rápida e menos preguiçosa desta vez!

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  3. Verdade. Nós, como cariocas traumatizadas que somos, pensamos 50 vezes antes de entrar no carro. Mas civilização é civilização, né?
    E de fato ele era estrangeiro. De um dos confins da Europa, provavelmente.

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  4. Ah, faltou dizer uma coisa. Muito importante, aliás.
    Batata-dedinho-meleca manda lembranças!!! E declara saudades de sua pessoa!

    PS: mas qd vc voltar, traga euros para pagar. A podrona já está 2,50!!! Chama-se: inflação!

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  5. País chique é outra coisa, hein? =)
    Saudades de vcs!

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