Ele ainda nem chegou, mas quando eu tenho que sair na rua num frio de 1º, já é bem inverno pra mim. E com o inverno, volta também a minha boca de Bozo, a minha preguiça e a minha vontade de ficar na cama o dia inteiro lendo, comendo Nutella ou sonhando com o calor e com a praia de Ipanema. Como nada disso é possível, eu sou obrigada a sair, enfrentar o frio do mundo lá fora e aturar cada uma...
Sobre o ônibus que nunca passa na hora
Aqui os ônibus têm timetables. Você sabe quando ele deveria sair do ponto final e quando ele deveria passar no seu ponto. "Deveria" é a palavra-chave. Eu sempre saio de casa 5 minutos antes, pra dar tempo de chegar no ponto e pegar o ônibus. Saio de casa, correndo como sempre. Olho em volta e as latas de lixo verde estavam todas na frente de suas respectivas casas. Isso significa que era dia do lixeiro dos recicláveis passar. Finjo que não vi nada e saíos em colocar a lixeira pra fora. Dou dois passos e lá vem o ônibus. Filho da puta. 5 minutos adiantado. Castigo. Volto, coloco as lixeiras pra fora, já que tinha perdido o ônibus mesmo. Saio de casa novamente, dou três passos e lá vem o ônibus de novo. O filho da puta do outro ônibus passou mega atrasado e eu pensei que fosse o meu que tinha passado adiantado. Porra de ônibus. Sempre errado. Fui obrigada a andar até o village pra pegar o outro ônibus. 15 minutos andando no frio. Adoro.
Sobre um conselho que eu vou te dar
Na minha caminhada pro village, atravesso a rua na faixa de pedestres. Um conselho que eu te dou: nunca atravesse na faixa de pedestres se ela estiver coberta de gelo.
Sobre o ônibus que continua não passando na hora, iPods e conversas indesejadas
Alguns minutos perdidos brigando com o gelo na faixa de pedestres e uma bunda quase molhada depois, continuo a minha caminhada. Chego no ponto. Teoricamente o ônibus deveria demorar cinco minutos para chegar. Os cinco minutos se passam. E mais cinco. E mais cinco. Olho pro lado. Uma cara conhecida. Finjo que não vi. Olho pro outro lado. Estou com o fone no ouvido, ouvindo Damien Rice. As principais funções do meu iPod: 1) evitar conversas indesejadas com pessoas aleatórias; 2) ouvir música (Percebeu que a música vem em segundo? Pois bem...). Continuo ouvindo a minha música e olhando pro outro lado pra evitar a troca de olhares com a pessoa aleatória e ser obrigada a travar uma conversa. Minutos depois, alguém cutuca meu ombro.
[blá, blá, blá no meu ouvido.]
eu: Tá um frio do cacete e essa merda desse ônibus não passa. Só não atravesso a rua e pego o trem porque eu tenho certeza que a hora que eu sair daqui o ônibus vai passar e o trem vai sair assim que eu chegar lá. (Acreditem, já aconteceu algumas vezes.)
Eu A-D-O-R-O pessoas aleatórias que vêm falar comigo no ônibus, no ponto, na rua, no elevador, no consultório do médico ou em qualquer outro lugar no qual você não deveria estar falando, e sim se locomovendo ou esperando por alguma coisa. E eu adoro ainda mais quando essas pessoas ignoram o fato de que eu tenho um fone no ouvido, portanto não estou afim de conversa. E estou ainda menos afim de conversa quando estou ouvindo Damien Rice, o que significa que estou num mau humor de níveis astronômicos. Mas ainda assim as pessoas vem falar comigo. Eu tenho cara de que quer ouvir a história da sua vida? Vai procurar um terapeuta, cacete!
(Pode falar que eu sou rabugenta. Eu sei que você quer falar.)
Sobre buracos na parede
Enfim, o ônibus chega. Por causa da chuva e dos alagamentos (Tá pensando que é só no Brasil?), várias ruas estão fechadas e o motorista é obrigado a dar a volta ao mundo pra chegar no centro da cidade. Eu vou ouvindo Damien Rice em paz novamente e olhando lá pra fora. De repente vejo uma placa com o nome da rua, ou melhor, estrada - Hole in the Wall Road. Até páro de prestar atenção na música. Olho em volta e procuro o buraco. Nada de buraco. Aliás, nada de parede. Fico pensando de onde tiraram esse nome tão criativo.
Sobre mendigos de primeiro mundo
Voltando pra casa, sou obrigada a comprar alguma coisa pra poder trocar o dinheiro e ter moedinhas pro ônibus. Entro na loja de €2 e compro um Toblerone gigante. Saio de lá colocando o Toblerone na mochila. As moedas caem no chão. Vem uma mulher correndo pra cima delas. Eu sou obrigada a ir brigar com a mulher pelas minha moedas, afinal é o dinheiro certo pra eu pegar o ônibus, que já está no ponto, pronto pra sair em 7 minutos.
mendiga: Eu quero pegar o trem pra Limerick. Me dá as moedas?
eu: E eu quero pegar o ônibus pra Malahide. Tenho dinheiro não. Sorry.
A mulher insiste e abre a mão, crente que eu vou dar as minhas moedinhas pra ela ir pra Limerick. Era só o que me faltava, eu brigando com mendiga de primeiro mundo pelas minhas moedas pra pegar o ônibus. E pensar que algumas semana atrás eu tava apertando a mão do Primeiro Ministro da Irlanda. É a vida...
Sobre xaropes de nome peculiar
Pra terminar, o inverno também traz a minha gripe semanal de volta. E com ela, a tosse. E com a tosse, xarope. Aí eu sou obrigada a tomar o xarope de nome Exputex.
(Faz a piadinha. Eu sei que você quer fazer.)
Sobre o ônibus que nunca passa na hora
Aqui os ônibus têm timetables. Você sabe quando ele deveria sair do ponto final e quando ele deveria passar no seu ponto. "Deveria" é a palavra-chave. Eu sempre saio de casa 5 minutos antes, pra dar tempo de chegar no ponto e pegar o ônibus. Saio de casa, correndo como sempre. Olho em volta e as latas de lixo verde estavam todas na frente de suas respectivas casas. Isso significa que era dia do lixeiro dos recicláveis passar. Finjo que não vi nada e saíos em colocar a lixeira pra fora. Dou dois passos e lá vem o ônibus. Filho da puta. 5 minutos adiantado. Castigo. Volto, coloco as lixeiras pra fora, já que tinha perdido o ônibus mesmo. Saio de casa novamente, dou três passos e lá vem o ônibus de novo. O filho da puta do outro ônibus passou mega atrasado e eu pensei que fosse o meu que tinha passado adiantado. Porra de ônibus. Sempre errado. Fui obrigada a andar até o village pra pegar o outro ônibus. 15 minutos andando no frio. Adoro.
Sobre um conselho que eu vou te dar
Na minha caminhada pro village, atravesso a rua na faixa de pedestres. Um conselho que eu te dou: nunca atravesse na faixa de pedestres se ela estiver coberta de gelo.
Sobre o ônibus que continua não passando na hora, iPods e conversas indesejadas
Alguns minutos perdidos brigando com o gelo na faixa de pedestres e uma bunda quase molhada depois, continuo a minha caminhada. Chego no ponto. Teoricamente o ônibus deveria demorar cinco minutos para chegar. Os cinco minutos se passam. E mais cinco. E mais cinco. Olho pro lado. Uma cara conhecida. Finjo que não vi. Olho pro outro lado. Estou com o fone no ouvido, ouvindo Damien Rice. As principais funções do meu iPod: 1) evitar conversas indesejadas com pessoas aleatórias; 2) ouvir música (Percebeu que a música vem em segundo? Pois bem...). Continuo ouvindo a minha música e olhando pro outro lado pra evitar a troca de olhares com a pessoa aleatória e ser obrigada a travar uma conversa. Minutos depois, alguém cutuca meu ombro.
eu: (Merda!)
pessoa aleatória: Lembra de mim?
eu: Hummm...não... (Lembro, infelizmente.)
pessoa aleatória: Não lembra? Nós conversamos no ônibus um tempo atrás.
eu: Ahh...ok.
pessoa aleatória: Eu lembro bem de você porque você disse que ia no show do Michael Jackson.
eu: (Yeah, whatever. Você e o mundo inteiro, meu bem.) É, ia. (Pronto, acabou a minha paz.)
pessoa aleatória: Eu ia no show do Elton John, mas ele tava doente.
eu: Pelo menos ele não morreu.
pessoa aleatória: Lembra de mim?
eu: Hummm...não... (Lembro, infelizmente.)
pessoa aleatória: Não lembra? Nós conversamos no ônibus um tempo atrás.
eu: Ahh...ok.
pessoa aleatória: Eu lembro bem de você porque você disse que ia no show do Michael Jackson.
eu: (Yeah, whatever. Você e o mundo inteiro, meu bem.) É, ia. (Pronto, acabou a minha paz.)
pessoa aleatória: Eu ia no show do Elton John, mas ele tava doente.
eu: Pelo menos ele não morreu.
[blá, blá, blá no meu ouvido.]
eu: Tá um frio do cacete e essa merda desse ônibus não passa. Só não atravesso a rua e pego o trem porque eu tenho certeza que a hora que eu sair daqui o ônibus vai passar e o trem vai sair assim que eu chegar lá. (Acreditem, já aconteceu algumas vezes.)
Eu A-D-O-R-O pessoas aleatórias que vêm falar comigo no ônibus, no ponto, na rua, no elevador, no consultório do médico ou em qualquer outro lugar no qual você não deveria estar falando, e sim se locomovendo ou esperando por alguma coisa. E eu adoro ainda mais quando essas pessoas ignoram o fato de que eu tenho um fone no ouvido, portanto não estou afim de conversa. E estou ainda menos afim de conversa quando estou ouvindo Damien Rice, o que significa que estou num mau humor de níveis astronômicos. Mas ainda assim as pessoas vem falar comigo. Eu tenho cara de que quer ouvir a história da sua vida? Vai procurar um terapeuta, cacete!
(Pode falar que eu sou rabugenta. Eu sei que você quer falar.)
Sobre buracos na parede
Enfim, o ônibus chega. Por causa da chuva e dos alagamentos (Tá pensando que é só no Brasil?), várias ruas estão fechadas e o motorista é obrigado a dar a volta ao mundo pra chegar no centro da cidade. Eu vou ouvindo Damien Rice em paz novamente e olhando lá pra fora. De repente vejo uma placa com o nome da rua, ou melhor, estrada - Hole in the Wall Road. Até páro de prestar atenção na música. Olho em volta e procuro o buraco. Nada de buraco. Aliás, nada de parede. Fico pensando de onde tiraram esse nome tão criativo.
Sobre mendigos de primeiro mundo
Voltando pra casa, sou obrigada a comprar alguma coisa pra poder trocar o dinheiro e ter moedinhas pro ônibus. Entro na loja de €2 e compro um Toblerone gigante. Saio de lá colocando o Toblerone na mochila. As moedas caem no chão. Vem uma mulher correndo pra cima delas. Eu sou obrigada a ir brigar com a mulher pelas minha moedas, afinal é o dinheiro certo pra eu pegar o ônibus, que já está no ponto, pronto pra sair em 7 minutos.
mendiga: Eu quero pegar o trem pra Limerick. Me dá as moedas?
eu: E eu quero pegar o ônibus pra Malahide. Tenho dinheiro não. Sorry.
A mulher insiste e abre a mão, crente que eu vou dar as minhas moedinhas pra ela ir pra Limerick. Era só o que me faltava, eu brigando com mendiga de primeiro mundo pelas minhas moedas pra pegar o ônibus. E pensar que algumas semana atrás eu tava apertando a mão do Primeiro Ministro da Irlanda. É a vida...
Sobre xaropes de nome peculiar
Pra terminar, o inverno também traz a minha gripe semanal de volta. E com ela, a tosse. E com a tosse, xarope. Aí eu sou obrigada a tomar o xarope de nome Exputex.
(Faz a piadinha. Eu sei que você quer fazer.)